domingo, 15 de abril de 2012

Nas mãos do menino


O menino tinha o mundo em suas mãos. Mãos sujas de terra, de marrom. Apertava entre os dedos o barro, como no dia que Deus fez o homem. E o que ele, daquele tamanho, poderia fazer?

Tudo, ele diria sem mentir. Já fiz tudo um dia, eu poderia responder. Quando eram minhas mãos quem tocavam o barro, meus cabelos que se arrastavam no chão. Criança de pés descalços, era eu quem fazia o tempo sem me importar com a noite ou o dia, com as páginas dos jornais ou com as palavras certas. Agora não faço nada, compro.

E ele? Ele só tem o mundo nas mãos...

E se fosse foto?